Um dos grandes desejos, mas também obstáculo, dos empreendedores é desenvolver a cultura do intraempreendedorismo dentro de seus negócios, fazendo com que os colaboradores pensem e realizem atividades como se a empresa fosse deles.
Já trabalhei em multinacional, fui colaborador, e hoje tenho meu próprio negócio. A minha jornada e experiência nos dois cenários me fez chegar a 5 ações que ajudam a promover o intraempreendedorismo na empresa, e é isso que compartilho neste artigo com você.
1) Não espere nada cair do céu
Sem ação, nada acontece. Você precisa se antecipar, ter a chave na mão para saber o que fazer quando a oportunidade bater à sua porta, por isso há a necessidade de que sua empresa tenha um propósito definido. Escreva em um papel as ações necessárias para que você e sua equipe alcancem as metas, e trabalhem, trabalhem muito para que as ações aconteçam todos os dias.
“Isso dá certo mesmo? Não é só mais uma frase motivacional que ouvimos no mercado?”. Eu fiz isso em 2008, após identificar o rumo que eu queria, escrevi e fui cumprindo cada item. No meu ritmo consegui cumprir todas as ações que planejei para mim e para o meu negócio em 2018. Ou seja, uma década, por isso recomendo começar logo, o resultado não é imediato.
Todos da equipe, independente do cargo e função dentro da empresa, precisam compreender, absorver e se identificar com a cultura para que o intraempreendedorismo realmente esteja presente e seja eficaz. E neste ponto entra um item fundamental para a evolução da organização como um todo: qualificação profissional. Se não houver busca e acesso a novos conhecimentos, a transformação não acontece. Oferecer aos colaboradores cursos, palestras, treinamentos e mentorias que agreguem em suas carreiras e atividades profissionais, é benéfico para ambos os lados, profissional e organização.
Outro ponto importante e relevante: para que o intraempreendedorismo seja fixado no dia a dia do seu negócio, é preciso de constância, é necessário incluí-lo como um hábito frequente e não algo que é feito apenas de vez em quando.
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2) Observe os processos da empresa de forma analítica
Em 2012, participei de um estudo de viabilidade econômica juntamente a um grupo de trabalho que levou a companhia na qual eu trabalhava a reduzir milhões em custos. Porém, o sucesso do projeto somente foi possível porque começamos a olhar o processo de forma mais analítica, aplicando a metodologia de definir a oportunidade de melhoria, medir o processo, agir no planejamento dos dados coletados, implementar e fazer o controle disso tudo.
A metodologia utilizada é uma ferramenta da qualidade conhecida por muitos profissionais que trabalham com gestão de processos (DMAIC), inclusive foi a ferramenta que utilizei como base do meu TCC de engenharia.
O fato de ter uma visão mais analítica ao avaliar processos e situações me gerou outras oportunidades no passado e que acontecem até hoje: desenvolvi treinamentos inéditos e treinei quase 700 colaboradores logo no início para que passassem a ter a mesma visão em seus processos. Há dez anos, já havia entendido bem que sem método qualquer direção vai servir…servir para ficar estagnado.
Para ter sucesso e fazer com que o intraempreendedorismo seja um pilar do negócio, é necessário avaliar cenários e processos de forma eficiente, e deixar o caminho aberto para que os colaboradores possam participar ativamente e propor ideias que venham a melhorar as atividades corporativas.
3) Não tenha medo de errar, se cair levante
Conselho antigo, mas totalmente válido até hoje. Seja resiliente. Use seus erros e fracassos como lições aprendidas e como incentivo para seguir em busca do seu sucesso novamente.
Se você não correr riscos, não irá saber o que funciona ou não, e muito menos se está no caminho certo. O mercado está cada vez mais variável e está na frente quem tem a coragem de arriscar.
4) Exponha suas ideias com autenticidade e integridade
Se o objetivo é promover o intraempreendedorismo no seu negócio, seja o exemplo, exponha suas ideias de forma autêntica para incentivar que sua equipe também faça isso de forma frequente. Na época em que trabalhava em empresa que não era a minha própria, consegui mostrar por fatos e dados ao meu gerente que se ele me desse a oportunidade e me patrocinasse em um treinamento, a organização teria redução de custos com inspeção de materiais que até aquele momento era realizada por empresa externa.
Colaborador ou empresário: quando decidi mudar de vida
Assim, consegui por meio persuasivo o patrocínio de passagens aéreas, hospedagem, alimentação e o treinamento. Essa estratégia se repetiu muitas vezes e sempre deu certo para mim, fui a várias feiras, visitas técnicas por mostrar a importância daquele investimento para a empresa, ele entendeu que minhas iniciativas retornavam com valor agregado em redução de custos e ganhos na segurança dos processos.
Eu adorava ser intraempreendedor enquanto colaborador de uma multinacional. Usava a persuasão e não manipulação para mostrar que o investimento da empresa na minha carreira era também investimento ao negócio e que o retorno viria. Com isso, minha carreira deu um salto incrível, tanto em conhecimento quanto em visibilidade.
Me tornei líder, engenheiro, supervisor de operações e, mais do que isso, uma referência em movimentação de carga das fábricas do grupo no Brasil. Nada mal para alguém que entrou com 20 anos de idade na organização no ano 2000, com segundo grau completo e um curso de solda e oxi corte no currículo.
Ficava muito feliz em ver os resultados do grupo em termos de segurança, qualidade e também de redução de custos. Com o programa que desenvolvi, chegamos a ficar 10 anos sem acidentes com pessoas. O intraempreendedorismo me fazia ter o olho de dono, e eu gostava disso. Cada conquista me empolgava, porque se a empresa ia bem, eu, como colaborador, também poderia acompanhar o ritmo e, consequentemente, chegar mais longe. O espírito intraempreendedor que eu desenvolvi anos atrás me faz ser o empreendedor atual, na WILLIFT Engenharia.
5) Busque reinventar a roda no intrempreendedorismo
Os ciclos de inovação estão cada vez mais curtos. Um projeto não consegue durar anos gerando valor para o negócio. Então criar algo ligado ao que a empresa já faz, agrega valor. Ou seja, reinvente algo para tornar o serviço e/ou produto que a empresa oferece ainda melhor.
Exemplos disso são a criação do Gmail, do botão curtir do Facebook, do Playstation, Intel e seus serviços. No segmento das indústrias, esse ponto está ligado ao Lean Manufacturing, a melhoria contínua, por meio de programas Kaizens, no qual os colaboradores podem sugerir ideias para melhorar processos de produção, de segurança, de qualidade, de meio ambiente, de saúde, de sustentabilidade.
O que todas essas 5 dicas querem dizer? Que se você deixar o caminho livre para o colaborador expôr aquilo que pensa e acredita ser benéfico ao processo e ele realmente fizer isso, a cultura do intraempreendedorismo começou a ser aplicada no seu negócio.