Como a qualificação de profissionais pode prevenir acidentes com içamento

Há uma perspectiva de que a economia retome seu crescimento nos próximos meses impulsionada pelas obras estratégicas, que incluem a construção de novas plantas fabris, obras de infraestrutura tais como viadutos, pontes, ferrovias, estradas, etc. Paralelo a isso, cresce também a necessidade de termos profissionais cada vez mais qualificados para que tenhamos mais resultados positivos nessa nova direção e menos acidentes com içamento.

Estima-se, de acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (Cbic), que o PIB do setor da construção terá o maior aumento dos últimos 8 anos, avançando 4% no próximo ano, depois de recuar quase 3% em 2020.

As empresas da área terão que contratar pessoas para exercerem atividades nos locais  das obras, e quem estiver capacitado larga na frente. É como se alguém batesse na porta e a pessoa que consegue abrir é a que está com a chave na mão, nesse caso, o conhecimento é a chave para o sucesso.

Com o mercado aquecido, além de garantir mais oportunidades de emprego, o conhecimento acerca das atividades desenvolvidas pode mudar todo o processo durante o trabalho desempenhado.

Essa afirmação é extremamente importante quando estamos falando de gestão de riscos e hierarquia de controles, especialmente com o objetivo de mitigar riscos e acidentes com içamento nas construções.

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Por que a constante atualização é necessária na área de içamento de cargas?

Apesar de abrir mais vagas, não são apenas os trabalhadores que anseiam por novos postos de trabalho que precisam estar capacitados para desempenhar suas atividades. Tenho um exemplo pessoal da necessidade constante de atualização e aperfeiçoamento, mas principalmente de conhecimento acerca do ambiente de trabalho que se desempenha.

Em 2003, eu era auxiliar de materiais e minha função era, basicamente, receber grandes materiais, os embarcar em balsas oceânicas que saiam do cais e iam para o navio. Era um ciclo em que eu, apesar de desempenhar, fazia de modo leigo: “faço o que mandam e ponto final”.  Um período mais a frente, uma situação de quase acidente me fez perceber o risco que corria ali. Estávamos fazendo a movimentação de duas boias por meio de um guindaste, elas se chocaram e eu quase sofri um acidente. Você pode estar pensando “Ah, mas foi quase acidente, você escapou”. A questão é exatamente o conhecimento sobre o risco que eu estava correndo. Eu sabia? Não! Mas eu estava ali!

Nem mesmo a empresa compreendia os riscos cotidianos nessa época. Em 2008, um dos guindastes contratados de terceira parte tombou, a causa raiz identificada após a investigação foi sobrecarga.

O impacto quando acontece acidentes sempre é muito doloroso para todas as partes interessadas.

Mas por que aconteceu? Por ausência de mecanismos de conhecimento e controle da disciplina. Isso fez ligar o alerta e a empresa passou a pensar, e investir, em capacitação  para o pessoal para zerar esses acidentes com içamento.

Neste mesmo ano, fui a São Paulo (SP) para fazer um treinamento e começamos a implementar atividades que mitigassem os riscos, tais como elaboração de procedimentos, de instruções técnicas, de controles de engenharia. Mesmo com conhecimento adquirido e buscando alternativas que diminuíssem as chances de termos acidentes com içamento, em 2011 aconteceu novamente um tombamento. Dessa vez, além da sobrecarga como principal causa raiz, notamos a falha humana no descumprimento do plano de rigging como causa secundária…

A partir desse incidente, passamos a desenvolver atividades pensando na hierarquia de controles. Criamos a categorização de içamentos, implementamos Fatores de Utilização de acordo com cada categoria, capacitamos os colaboradores envolvidos diretamente nas operações e criamos ferramentas de controle. Resultado?

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Mais de 10 anos sem nenhum acidente mais significativo.

Capacitar as pessoas e implementar as ferramentas certas é reduzir custos e eliminar acidentes

As situações que já vi e vivi, e vídeos que analisei, pude perceber que a pirâmide invertida para a hierarquia de controles é essencial, também é por meio das medidas administrativas que conseguimos boas práticas e uma melhor compreensão dos procedimentos adotados pela empresa.

 

Saber os limites operacionais, a Identificação dos Perigos e a Avaliação dos Riscos (Ipar) é obrigatório para que se possa trabalhar de forma prevencionista. Mas isso só vai ser possível se as pessoas tiverem conhecimento sobre: perigos, riscos e medidas de  controle.

Pessoas e empresas devem refletir que a capacitação não é dispêndio, mas investimento!

Para você, o que ainda falta para que esse conhecimento esteja mais presente nas empresas?

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